Mulher é aquilo que ela quiser
Mulher é aquilo que ela quiser
Desde cedo, as mulheres são confrontadas com um guião pré-escrito. A sociedade define-lhes papéis, impõe-lhes expectativas e estabelece padrões de comportamento. Diz-lhes para serem delicadas, mas não frágeis. Para serem fortes, mas sem ameaçar. Para serem profissionais, mas sem descurar a família. Para serem mães, mas sem perder a compostura. Para serem independentes, mas sem exagero. Para serem sensuais, mas com limites.
O que acontece quando uma mulher não se encaixa nestas regras? O julgamento. A crítica. A pressão.
Ser mulher não deveria significar viver sob a imposição de um ideal inalcançável. No entanto, a realidade demonstra que ainda há um longo caminho a percorrer. Apesar dos avanços na igualdade de género, milhões de mulheres continuam a enfrentar barreiras estruturais. No mercado de trabalho, recebem salários mais baixos, têm menor acesso a cargos de liderança e enfrentam dificuldades acrescidas na conciliação entre a vida profissional e pessoal. Na sociedade, veem-se frequentemente reduzidas a padrões de comportamento que não escolheram. Na sua segurança, continuam a ser vítimas de violência, assédio e discriminação, muitas vezes sem recursos ou proteção.
Para as mulheres migrantes, estes desafios tornam-se ainda mais complexos. Para aquelas que deixam o seu país em busca de melhores condições de vida, as barreiras multiplicam-se. Muitas enfrentam discriminação e dificuldades no acesso ao emprego, sendo empurradas para trabalhos precários e mal remunerados. Sem uma rede de apoio, veem-se isoladas e, muitas vezes, em situação de maior vulnerabilidade. A falta de conhecimento da língua e a burocracia dificultam o acesso à saúde, habitação e justiça, tornando a sua integração ainda mais desafiante. Em muitos casos, estas mulheres são vítimas de exploração e violência, sem recursos para denunciar ou se protegerem.
Ser mulher já é, tantas vezes, uma luta constante. Ser mulher migrante é enfrentar desafios ainda maiores, muitas vezes sem visibilidade nem apoio.
A Cáritas Braga trabalha diariamente para apoiar mulheres em situação de vulnerabilidade, garantindo que nenhuma fica esquecida. Mas o trabalho pela igualdade e pela dignidade das mulheres não pode ser apenas um esforço individual. Precisa de ser um compromisso coletivo.
O Dia Internacional da Mulher não deve ser apenas um momento de celebração, mas de reflexão e ação. Porque ser mulher não deveria ser um ato de resistência.