Cáritas Arquidiocesana de Braga promove ação de sensibilização contra a violência no namoro nos autocarros da TUB
“O autocarro número 41 dos Transportes Urbanos de Braga (TUB) foi, ontem, palco de uma singular ação de sensibilização contra a violência no namoro, levada a cabo pela Equipa MakeBraga – CLDS 3G.
Dois animadores, fazendo- se passar por um casal de namorados, protagonizaram uma simulação de uma cena de violência verbal no namoro em pleno autocarro, aproveitando uma das carreiras mais frequentadas pelos jovens, que terminou precisamente junto à Universidade do Minho. No autocarro marcou também presença um agente da PSP de Braga, que ainda no âmbito da encenação, exige ao “agressor” que altere o seu comportamento.
O objetivo foi provocar e avaliar as reações dos passageiros, e sobretudo alertar para esta problemática cada vez mais premente.
No final da simulação os membros do Make Braga presentes no autocarro explicaram aos passageiros o que verdadeiramente estava a acontecer e sensibilizaram para esta temática, através da distribuição de panfletos e pequenos chocolates com os slogans “Não ames pelos dois” ou “Não alimentes o que te faz mal”, contendo os contactos do Centro de Informação e Acompanhamento a Vítimas de Violência Doméstica da Cáritas Arquidiocesana de Braga, onde as vítimas podem pedir ajuda.
Eva Ferreira, coordenadora do MakeBraga, esclareceu que uma vez que o projeto assenta numa estratégia concertada entre diferentes agentes educativos, sociais e económicos do território, também esta iniciativa resultou precisamente da parceria entre agentes, designadamente a Cáritas Arquidiocesana de Braga, o Centro Cultural e Social de Santo Adrião, a PSP de Braga e a Santa Casa da Misericórdia de Braga.
«No seguimento do trabalho que nós já temos feito nas escolas secundárias e mesmo nas escolas do primeiro ciclo (através de teatros de fantoches) e noutros contextos na área da prevenção da violência no namoro, achámos que hoje, Dia dos Namorados, seria importante, para abordar esta questão de uma forma pública». Além da equipa do MakeBraga, marcou presença a equipa do projeto Dharma, na área do atendimento e proteção às vítimas de violência doméstica.
Ricardo Queirós e Rafaela Moscoso, dinamizadores da Ger@ções 3D, foram os protagonistas da simulação, e fazem equipa com Fátima Viana, esta última a dinamizadora nas escolas. O “par” admitiu que foi a primeira ação do género num autocarro, já que todas as outras decorreram em ambiente controlado (escolas), com conhecimento do público.
«Começámos há dois anos, por iniciativa própria e fomos agregando um conjunto de parceiros, como a Cáritas e a PSP, sempre com a ideia de chegar aos jovens, porque constatamos que é muito banalizado a violência, o controlo, o ciúme, embora nos pareçam ideias do século passado», afirmou Fátima Viana.
Ricardo Queirós esclareceu que o diálogo se baseia numa série de clichés, abordando a exposição nas redes sociais.
Em ambiente controlado, nas escolas, o feedback dos jovens só ocorre após a simulação, e varia entre os que se insurgem e os que normalizam a situação e chegam, de forma preocupante, a defender a atitude do agressor.
Mas ontem, em pleno autocarro, vários passageiros se insurgiram, variando entre o simples abanar de cabeça até enfrentar abertamente o agressor.
Raquel Gomes, coordenadora do Gabinete de Apoio à Vítima, deixou a mensagem de que existem estruturas de apoio às quais as vítimas podem recorrer para denunciar a sua situação, como a PSP, GNR ou Ministério Público, e que sendo um crime público, se esta fosse uma situação real, qualquer cidadão a poderia denunciar.”
Texto: Diário do Minho – Edição 15-02-2019